quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O uso do gerúndio e a prática do gerundismo


Inteirar-se da diferença entre o uso do gerúndio e a prática do gerundismo aprimora a competência linguística dos educandos
Inteirar-se da diferença entre o uso do gerúndio e a prática do gerundismo aprimora a competência linguística dos educandos


No intuito de darmos início a essa discussão, um questionamento parece emergir como ponto norteador de tal proposta: será que “nossos” alunos, mediante uma prática linguística (concebida como inadequada) que impera nas muitas situações comunicativas, mostram–se capazes de avaliá-la? 

Provavelmente que nem todos possuem essa percepção, haja vista que se é considerada uma prática, nada mais ocorre senão fomentá-la, sem ao menos se dar conta dos aspectos que a nutrem. Verdade essa passível de comprovação quando comparada aos modismos linguísticos (uma vez que não são poucos), sobretudo influenciados pelo contexto midiático. Partindo dessa prerrogativa, entra em cena aquele... aquele que de uma forma ou outra tenta despertar nos educandos a importância de se valorizar cada vez mais a língua que falamos, proferindo-a de maneira correta. Estamos, é claro, referindo-nos a ninguém menos do que o professor de Língua Portuguesa. Ele, ao “embarcar” rumo a esse intento (o do despertar para tal recorrência), talvez não tenha a chance de mudar o cenário que hoje se faz presente, mas ao menos poderá acreditar que seus alunos pensarão duas vezes antes de exercer a tal prática linguística.

Pensando nisso, o propósito deste artigo é apresentar algumas sugestões metodológicas. Assim, para início de conversa, o educador deve explanar acerca dos pontos que fundamentam o gerúndio, ora representando uma das formas nominais que integram a nossa vasta classe gramatical representada pelos verbos.  

Como auxílio, eis que o texto “Gerúndio” se revela como bastante eficaz, uma vez que discorre acerca de alguns pressupostos elementares.

Provavelmente que os alunos despertarão para o fato de que tal forma, quando usada de maneira correta, tem muito a contribuir para que nossos discursos sejam materializados de forma plena. O mesmo não ocorre quando os usuários, desprovidos do necessário conhecimento acerca dos fatos que regem a língua, fazem uso “indiscriminado” dessa forma verbal, imprimindo a ela um processo que não lhe cabe. Consoante a essa proposta cabe também apresentar exemplos referentes ao uso de gerúndio combinado com as formas auxiliares estar, andar, ir e vir. Para tanto, eis alguns exemplos:

Estavam todos dormindo quando cheguei.
Ia andando quando tropecei.
Andava perambulando por aí à procura de não sei o quê.
Vinham acontecendo coisas terríveis nestes últimos dias. 

Realizado tal procedimento, eis que chegamos ao momento crucial de nossa discussão: explicar aos aprendizes o porquê de não fazermos uso do gerundismo e, sobretudo, as razões de ele ser considerado uma prática linguística inadequada. Assim, partindo de exemplos práticos, o educador pode sugerir que passem a observá-la no cotidiano. Prática uma vez confirmada, urge a necessidade de o educador se valer de enunciados como estes aqui expostos:


Vou estar viajando para Maceió, em vez de:
Vou viajar para Maceió.                   
              OU
Viajarei para Maceió.


Diante de tais exemplos é importante enfatizar que a prática do gerundismo configura uma ocorrência em que a intenção (por vezes errônea) é a de simplesmente substituir o “bom e velho” futuro do presente (Vou viajar amanhã para Maceió/ Viajarei amanhã para Maceió).

Feitas essas elucidações, outro exemplo também pode ser usado, aproveitando o que já foi explanado.

Assim, vejamos:


Amanhã, quando ela estiver estudando para a prova, eu vou estar viajando para Maceió. 


Ora, nada de anormal, uma vez que a enunciação faz referência a uma ação a ser praticada no futuro e que deverá ocorrer simultaneamente a outra, também futura.

Para descontrair e fechar com chave de ouro o conteúdo trabalhado, nada melhor que propor uma dramatização, na qual os alunos terão a oportunidade de “explorar” bem a prática da qual tanto falamos, em consonância com outro grupo, o qual fará uso da forma correta. Que tal?

Por Vânia Duarte - Graduada em Letras






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