quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estudo diz que Brasil usa métodos de alfabetização ineficientes e superados





O modo como as escolas brasileiras ensinam as crianças a ler e a escrever está ultrapassado. Essa é a conclusão de pesquisadores da Associação Brasileira de Ciências, depois de cinco anos de pesquisa. As metodologias utilizadas no Brasil, segundo o levantamento, tiveram a ineficácia comprovada por estudos internacionais que serviram de base para mudanças nas políticas de alfabetização em vários países. Para os especialistas, os métodos fônicos — que associam diretamente grafemas (letras) e fonemas (sons) — são comprovadamente os mais eficazes na iniciação dos pequenos no mundo das letras.

Para João Batista Oliveira, um dos pesquisadores responsáveis pela parte do trabalho que trata especificamente da alfabetização, nem mesmo a ampliação do ensino fundamental de oito para nove anos, em 2007, melhorou as condições de ensino. “Mais tempo de estudo só adianta se for bom”, afirma.

Na opinião da professora de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) Norma Lúcia Neris Queiroz, o método fônico pode ser complicado para alguns alunos. “A criança precisa lidar com o som dos fonemas, o que não é uma coisa fácil”, destaca. Ela afirma que iniciar a alfabetização utilizando textos interessantes para os alunos pode ser uma forma de melhorar a qualidade da aprendizagem. “Mas não pode ser uma publicação comum, de cartilha. É preciso escolher uma parlenda, uma fábula, algo com o que as crianças possam brincar.”

Independentemente da forma de ensino adotada, Oliveira e a docente da UnB concordam que a formação de professores no país é deficiente e que isso influencia diretamente o desempenho dos alunos. Além disso, um problema que atinge as escolas públicas é a falta de formalização de um plano de ensino. Na prática, cada professor adota um método em sala de aula, ainda que o Ministério da Educação (MEC) desenvolva manuais para orientá-los.

Nas instituições privadas, por outro lado, a metodologia é definida pelo próprio colégio. “É uma injustiça que, na escola particular, o ensino seja de um jeito e, na pública, de outro”, afirma João Batista Oliveira. “Só depois de alfabetizado, o aluno consegue aprender outras coisas.”





 

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