terça-feira, 27 de março de 2012

Professores apontam falta de apoio da família como problema para aprendizagem dos alunos

Para 88% dos professores do 5º ano do Ensino Fundamental, a falta de assistência e acompanhamento da família prejudicam o aprendizado dos alunos


Professores apontam falta de apoio da família como problema para aprendizagem dos alunos
João Bittar/MEC

Da Redação do Todos pela Educação

Quase 90% (88,19%) dos professores do 5º ano do Ensino Fundamental afirmam que a principal causa dos problemas de aprendizagem dos alunos é a falta de assistência e acompanhamento da família, especialmente em situações como os deveres de casa e as pesquisas. Além disso, 80,98% dos docentes apontam também o desinteresse e falta de esforço do próprio estudante como um dos outros possíveis motivos.

Os dados são de um levantamento realizado pela área de Estudos e Pesquisas do Todos Pela Educação feito a pedido do jornal O Globo, a partir do questionário da Prova Brasil 2009. A avaliação, que ocorre de dois em dois anos em todo o País, além de medir o desempenho dos alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental em português e matemática, também tem questionários que são respondidos pelos alunos, professores e diretores das escolas.

A análise dos dados indica que os professores consideram as causas das dificuldades em relação a aprendizagem mais ligadas a fatores familiares, como meio em que vive o aluno (79,49%) e nível cultural dos pais (74,14%), do que aos aspectos ligados diretamente à escola, como carência de infraestrutura física ou pedagógica (28,01%).Já entre os fatores escolares, os mais apontados são os relacionados às condições de trabalho, como sobrecarga de tarefas (30,54%) e baixas remunerações (30,51%).


Os resultados completos podem ser observados na tabela abaixo:



No levantamento, os questionários em branco foram excluídos – o que não modificou as conclusões gerais. Mesmo após a retirada desses questionários, a taxa de não resposta dos professores do 9º ano permanece superior ao índice dos professores do 5º ano. Portanto, é preciso cuidado na análise dos dados do 9º ano, uma vez que, se essas respostas fossem recuperadas, alguns resultados poderiam mudar.

Para a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, essa percepção dos docentes – que relaciona as circunstâncias familiares às dificuldades dos alunos na escola – é ruim. “Educação é corresponsabilidade.”afirma. Ela também aponta os baixos níveis de renda dos familiares como pontos que devem ser analisados na hora de avaliar a aprendizagem. “Muitos não têm estímulo nem livros em casa e isso os professores percebem, o que é correto. Mas a Educação deve ser uma política compensatória e a escola deve suprir aquilo que o aluno não teve em casa”, lembra ela.

Ela ressalta que hoje o esforço dos estudantes não é valorizado. “Atualmente, não existe uma cultura do esforço, que destaque o empenho do aluno. As famílias precisam cobrar o estudo dos filhos, olhar a lição de casa, observar a frequência escolar e acompanhar a situação das crianças de perto”, explica.



POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Para Priscila, a escola deve descobrir uma nova abordagem para envolver os pais. “Não tem uma fórmula única, porque cada escola tem sua identidade própria. Mas deve haver mais diálogo. Uma possibilidade é intensificar o calendário de festividades, por exemplo. Nessas ocasiões, há muitos encontros, os pais conversam mais, trocam, entram em contato”, afirma. “Temos que lembrar também que o modelo de família hoje é diferente de 50 anos atrás. Muitas estão desestruturadas, algumas não têm o pai presente, as mães trabalham... a família mudou muito.”







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