Para Aloizio Mercadante, não é possível combater a evasão e a repetência sem um instrumento de avaliação
A partir do ano que vem as crianças de 7 e 8 anos de idade serão avaliadas para aferir a capacidade de ler, escrever e fazer contas básicas de matemática. Os exames estão previstos no pacote de medidas anunciadas ontem pelo governo, no lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Ao custo de R$ 2,7 bilhões , a proposta visa a suprir uma deficiência no aprendizado de 15,2% dos Alunos brasileiros que não venceram a etapa da Alfabetização até os 8 anos.
De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, serão feitos dois testes: um pelas Escolas e outro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC). A prova do Inep já será aplicada no ano que vem às crianças do 3º ano. Em 2014, passará a ser obrigatória também para os Alunos do 2º ano. Hoje, os estudantes são avaliados pela primeira vez no 5º ano, pela Prova Brasil.
Segundo o ministro, o exame seguirá um único padrão, com os mesmos critérios e um quadro bem detalhado para que a rede de Ensino possa tomar providências em relação à necessidade de reforço pedagógico, no sentido de assegurar que todas as crianças sejam efetivamente alfabetizadas até os 8 anos de idade. “Identificando a dificuldade já com 7 anos, no ano seguinte a gente tem uma política de reforço pedagógico”, esclarece Mercadante.
Segundo o ministro, o pacto pela Alfabetização visa a evitar a evasão Escolar e a repetência, que custam à pasta entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões por ano. Para a presidente Dilma Rousseff, só é possível aferir se as crianças estão no ciclo deAlfabetização efetivo com instrumentos eficazes de avaliação. “E não há como fazer isso sem fazer testes objetivos, principalmente se quisermos evitar que as elas cheguem à 5ª série (6º ano) sem conseguir dominar a leitura e as operações matemáticas simples”, disse ela.
Dados do MEC mostram a raiz da desigualdade social e regional. A taxa de Alunos com 8 anos que não estão alfabetizadas é de 34% no Maranhão e de 35% em Alagoas. Na outra ponta estão Paraná, com taxa de 4,9%, e Santa Catarina, com 5,1%.
Mas, para a diretora executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, os dados estão superestimados. “O número é ainda maior. O resultado da Prova ABC mostra que mais da metade (dos estudantes) chega ao 3º ano sem saber o básico de português e matemática. Dos jovens que terminam o Ensino médio, só 11% sabem matemática”, afirma. A expectativa dela é que o plano combata esses índices. “Mas só vou ficar realmente animada quando os números melhorarem”.
A proposta do governo prevê ainda R$ 500 milhões que serão investidos em prêmios para as melhores experiências, cursos de dois anos para 360 mil alfabetizadores (que vão receber também uma bolsa mensal), e compra de livros didáticos.
Para o secretário de Educação básica do ministério, César Callegari, o principal problema do aprendizado está na preparação dos Professores. “Há muita improvisação. Precisamos valorizar os alfabetizadores para que a Educação seja valorizada”, disse ele. Todas as secretarias estaduais de Educação e representantes de 5.271 municípios brasileiros firmaram o compromisso.
Polêmica
Apesar de o governo definir a idade de 8 anos como limite para que a criança seja alfabetizada, muitos pais querem que os filhos aprendam a ler e escrever antes disso. Baseados em uma pesquisa lançada no fim do ano passado pela Academia Brasileira de Ciências, alguns pais e responsáveis alegam que a fase mais propícia para a Alfabetização é até os 6 anos. Para Callegari, o impasse não respeita os direitos das crianças. “Não podemos passar uma coisa em cima da outra porque elas podem sofrer consequências danosas pelo resto da vida. Não é correto, você não pode estressá-las, elas têm direito de brincar. As etapas da infância precisam ser muito respeitadas e elas estão maduras para o processo mais organizado de Educação a partir dos 6 anos de idade.”
Destaque:
“Só vou ficar realmente animada quando os números melhorarem”
Priscila Cruz, Diretora executiva do Todos Pela Educação
Fonte: Todos pela Educação
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