quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Uma escola para todos

Ao incluir alunos com deficiência, a instituição escolar muda sua perspectiva de mundo, ajuda professores a repensarem seu papel e contribui para a construção de uma nova geração - aquela que sabe que, entre as diferenças, todos somos iguais.  Maria Fernanda Vomero


Wellerson, que tem surdez, com seus colegas do 4° ano do fundamental: Matheus (ao centro), com distrofia muscular, e Caio (à esq.)


Há mais de duas décadas e meia, a Constituição brasileira prevê a inclusão de alunos com deficiência nas classes comuns, estabelecendo igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola. Embora ainda existam resistências, essas crianças deixaram de ser "invisíveis", não se encontram mais "escondidas" e já ocupam seu espaço no ambiente socioeducativo. Os resultados preliminares do Censo Escolar de 2012 indicam, mais uma vez, aumento nas matrículas em educação especial na rede pública. Mas, para que sejam incluídas de fato, e não se tornem meras figurantes de um sistema e sim protagonistas do próprio aprendizado, é fundamental que a instituição escolar reveja suas premissas.

Segundo os resultados preliminares do Censo Escolar MEC/Inep de 2012, o Brasil ampliou em 7,64% o número das matrículas em educação especial na rede pública em relação ao ano anterior, passando de 584.124 para 628.768 matrículas. Os dados finais de 2012 para a rede particular de ensino ainda não foram divulgados, mas em 2011 foram registradas 163.409 matrículas de alunos com deficiência em estabelecimentos privados - 20% delas em escolas inclusivas, as demais (130.798) em instituições exclusivas e classes especiais.

A gradual presença de alunos com deficiência no ensino regular frequentando classes comuns ao lado de outros estudantes colocou em xeque a escola, como instituição, e revelou quão conservador era o sistema de ensino em vigor até então. Além disso, mostrou também como a própria formação de professores para a Educação Básica estava contaminada por clichês e estereótipos e respondia insatisfatoriamente às necessidades de todos os estudantes. 

"O aluno com deficiência é o grande bode expiatório de um processo de formação docente em alguns momentos fracassado e de uma estrutura escolar que precisa ser modificada", diz Fabiana Stival Morgado Gomes, gerente de educação inclusiva da Secretaria de Educação de Santo André (SP). "Ele propicia essa mudança, revela onde a escola tem de se renovar - e não para favorecer só essa criança, mas para aprimorar o aprendizado de todos os alunos. Temos uma escola que se mantém igual e reproduz modelos e movimentos há anos, e uma sociedade que pede um ensino muito mais dinâmico. Um professor com maior rigidez, que não enxerga essa escola em outro contexto, responsabiliza o aluno com deficiência", afirma ela.






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