Valorização docente e maior investimento na área são reivindicações comuns entre docentes do Ensino Superior e da Educação Básica. Entenda qual o significado disso.
As greves docentes têm ganhado espaço no debate público nos últimos meses. Na Bahia, os professores da Educação Básica estão há mais de 100 dias parados em negociação com o governo estadual, que reclama não ter condições de pagar o piso salarial. No Ensino Superior, a contestação é parecida: os docentes das instituições federais pedem reajuste no salário inicial e reestruturação dos planos de carreira. As semelhanças entre as reivindicações são sinais de que talvez seja necessário repensar o financiamento da área como um todo.
A tendência de muitos, nesse caso, é tratar a questão de maneira simplista, argumentando que seria necessário retirar verba de um dos dois níveis e redirecioná-la para o outro. Essa postura coloca Educação Básica e Superior como antagônicas e ignora o fato de que a reivindicação, no fundo, é a mesma: precisamos valorizar a docência e, para isso, direcionar mais investimentos ao setor.
A expansão do Ensino Universitário ocorrida nos últimos anos, acompanhada de um crescimento insuficiente nos investimentos, são sintomas já vividos durante o processo de universalização do Ensino Fundamental, anos atrás. O resultado também é parecido em ambos os casos: sobrecarga dos professores, salas lotadas e salários estagnados; ou seja, investe-se no aumento da quantidade de vagas, sem que a qualidade seja assegurada.
É necessário ter cautela ao discutir as estratégias para ampliar o Ensino Superior. A expansão da rede universitária está diretamente ligada à formação de professores para a Educação Básica. Quanto mais precários são os cursos universitários, mais se gasta em formação continuada e mais problemas surgem no Ensino Fundamental e no Médio. Não podemos deixar de lado a ligação existente entre os dois níveis e o fato de que, ao se retirar investimentos de um deles, o outro será afetado.
Também é preciso observar qual o combustível implícito nas reivindicações. Como mostra a pesquisa "Atratividade da Carreira Docente", produzida pela Fundação Victor Civita em parceria com a Fundação Carlos Chagas, a carreira de professor é pouco valorizada no país. Docentes de todos os níveis, em especial na Educação Básica, convivem com salários baixos e, em muitos casos, situações precárias de trabalho. Todo esse panorama afasta os jovens da área e pode nos levar a problemas maiores, como a falta de profissionais qualificados.
Seja qual for a conclusão tirada desse embate, é importante que ela não priorize um dos níveis de Educação, mas sim abarque a área como um todo.
Fonte: Revista Escola
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