Especialista lembra que transtorno não é doença e por isso não pode ser curada
Jornal Bem Paraná (PR)
No Brasil para uma série de cursos e palestras, Educador português autor da Bateria Bacle, um dos mais conceituados testes de avaliação de pré-competências de leitura e escrita em crianças, explica que o transtorno não é doença, “portanto não há cura” Dificuldade de leitura, escrita, interpretações de textos – e cálculo aritmético. Estes são os sintomas mais comuns de um distúrbio de aprendizagem conhecido como dislexia e que é apresentado já na pré- escola. “O disléxico mostra dificuldade em aprender a ler e a escrever, em manipular as letras dentro de uma palavra e, consequentemente, em compreender um texto quando estiver lendo”, explica a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
Quando o portador do problema chega à adolescência, poderá apresentar dificuldades em aprender uma segunda língua, muitas vezes em compreender o enunciado de um problema de matemática, química ou física.
Disléxicos famosos
O artista Vince Low em parceria com a Associação de Dislexia da Malásia, criou uma série de anúncios usando imagens de famosos disléxicos. A técnica do rabisco escolhida pelo artista é proposital. Sua intenção é mostrar como pessoas disléxicas podem transformar um rabisco em algo grandioso, afinal de contas pessoas portadoras de dislexia são conhecidas por ter um aguçado senso artístico e capacidade de resolução de problemas, conta o artista, também disléxico. Entre os gênios retratados estão Jonh Lennon. Eisnten e Picasso, todos disléxicos. Mas há muitos outros profissionais de sucesso com o transtorno. O ator Tom Cruise é um deles.
O chef Jamie Olivier, por exemplo, só conseguiu ler um livro inteiro aos 38 anos por causa da dislexia. ficuldades para o cálculo aritmético”, expõe o neurocientista português Rafael Silva Pereira, doutor em Neuropsicologia da Dislexia pela Universidade de Extremadura, diretor pedagógico da Associação Ester Janz e Professor da cadeira de Dificuldades Especí- ficas de Aprendizagem no Mestrado em Educação Especial na Escola Superior de Educação Almeida Garrett (Portugal). Rafael Pereira é autor da Bateria Bacle, um dos mais conceituados testes de avalia- ção de pré-competências de leitura e escrita em crianças do Pré-Escolar a iniciar o 1.º ano de Escolaridade ou com dificuldades de aprendizagem.
Ele está no Brasil para uma série de cursos com base em “avaliação e intervenção da dislexia”. Explica que a avaliação do problema necessita ser multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, neuropediatras e psiquiatras. “Associado à dislexia, algumas crianças e jovens também podem apresentar déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade, agressividade, depressão, transtorno de ansiedade, bipolaridade e enurese”, diz.
Genética e hereditária
Segundo Maria Ângela Nico, a dislexia é um transtorno com causas variadas, como pais com dificuldades pregressas na vida Escolar; casos semelhantes nos familiares como avós, tios, primos; presença de genes potencialmente responsáveis pelo quadro; ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos. “Só podemos falar em dislexia a partir do processo de Alfabetização, mas como ela é genética e hereditária, a partir dos cinco anos de idade já é possível realizar a avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada e essa criança com dislexia será encaminhada para uma intervenção com uma fonoaudióloga”, diz. “Depois que ela passar pelo processo de Alfabetização, será necessária uma re-avaliação para confirmar ou não o quadro”. Para o Professor Rafael Pereira, por não ser uma doença, “não há cura”.
A complexidade do distúrbio exige uma intervenção rápida. “Deverá ser realizada por uma fonoaudióloga, e ou uma psicopedagoga e se a auto-estima estiver bem rebaixada um psicólogo deverá atuar também”, conta Maria Ângela Nico. Segundo a especialista, o problema é descoberto na maior parte das vezes quando o processo de Alfabetização se inicia.
O tratamento objetiva a aprendizagem do disléxico frente às dificuldades que encontrará, de modo que consiga lidar com elas. “Quando os pais perceberem algum sinal ou sintoma nos filhos, devem conversar com a coordenadora da Escola em que a criança está frequentando, que deverá encaminhá-la para uma avaliação”, explica o Educador Rafael Pereira. “Se confirmada a dislexia, a intervenção deverá ser realizada o mais rápido possível”.
Os sinais da dislexia
-Enorme lentidão ao fazer seus deveres. Ou, ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com muitos erros;
-Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
-Só faz leitura silenciosa;
-Sua letra pode ser mal grafada e, até, ininteligível; pode borrar ou ligar as palavras entre si;
-Esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias ou semanas;
-Tem grande imaginação e criatividade;
-Desliga-se facilmente, entrando "no mundo da lua";
-Baixa autoimagem e autoestima; não gosta de ir para a Escola;
-Esquiva-se de ler, especialmente em voz alta;
-Perde-se facilmente no espaço e no tempo; sempre perde e esquece seus pertences;
-Tem mudanças bruscas de humor;
-É impulsivo e interrompe os demais para falar;
-Tem dificuldades visuais, embora um exame não revele problemas com seus olhos;
-Confunde direito-esquerda, em cima em baixo; na frente-atrás;
-Tem excelente memória de longo prazo, lembrando experiências, filmes, lugares e faces;
-Boa memória longa, mas pobre memória imediata, curta e de médio prazo;
-Dificuldades para andar de bicicleta, para abotoar, para amarrar o cordão dos sapatos;
-Com muito barulho, o disléxico se sente confuso, desliga e age como se estivesse distraído;
-Cerca de 80% dos disléxicos têm dificuldades em soletração e em leitura.
Fonte: Todos pela Educação
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