A informática adaptada para o deficiente visual tem três tipos de programas: os leitores de tela, os ampliadores de tela e os digitalizadores de texto. Os leitores, como o próprio nome sugere, lêem tudo o que está na tela do computador, seja texto, Access, Power point, linguagem de programação, e-mail, MSN, etc. Por isso, são ideais para os cegos totais. Os ampliadores são bons para os chamados baixa visão. Como o programa amplia os ícones, as imagens, as letras e cria contrastes, facilita a leitura de quem tem a patologia da baixa visão, ou seja, não é totalmente cego. Já os digitalizadores transformam textos em sons. “Todos são muito bons mas cada um atende a uma realidade específica. E um complementa o outro. Por isso, é comum usarmos mais de um programa. Eu por exemplo, gosto muito do DOSVOX e do NVDA.”
Os dois programas citados por Francisco são free, ou seja, podem ser baixados gratuitamente pela internet. O DOSVOX, inclusive, foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ).
Outros muito bons citados por ele são o JAWS e o Virtual Vision, mas têm o inconveniente de serem pagos. São todos leitores. Na linha de ampliadores, existem o Magic e o ZoomText, também pagos. Já o Openbook é um digitalizador de texto.
Em Salvador, Adriana Garcia Rocha, de 39 anos, conhece bem esses programas. Aos 20 anos perdeu a visão e nem por isso parou de estudar. Procurou o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP) e deu prosseguimento à sua formação. Hoje é professora de História, com pós em Cultura Afro-Brasileira. “O DOSVOX e o JAWS foram fundamentais para o acompanhamento dos conteúdos em sala de aula. Não sei o que seria da minha vida sem o acesso à informática que tive e tenho a partir desses softwares. Conquistamos mais autonomia e independência com eles.”
Política pública
O Ministério da Educação desenvolve, em parceria com os Estados, Municípios e o Distrito Federal, o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais e o Projeto Livro Acessível para alunos com deficiência visual. Essas ações têm como objetivo a promoção da acessibilidade aos alunos da Educação Especial no ensino regular. Dessa forma, o MEC disponibiliza materiais didáticos e pedagógicos, equipamentos, mobiliários e laptops para comporem as Salas de Recursos Multifuncionais com o objetivo de apoiar a organização da oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar à escolarização nas escolas da rede pública e laptops aos alunos com cegueira matriculados no fim do ensino fundamental, no ensino médio, na EJA e na Educação Profissional, como recurso de acessibilidade ao livro e à leitura. Os laptops destinados aos alunos com cegueira são disponibilizados justamente com o sistema DosVox e se destinam ao uso individual em sala de aula e demais atividades educacionais, podendo ser utilizados em domicílio, mediante assinatura de termo de responsabilidade, conforme critério estabelecido pela direção da escola.
Fonte: Globo Educação
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